sábado, 25 de abril de 2009

VIVA a quem mesmo ?

13:44 |

A GOVERNADORA DE PROVETA E A MUTRETA DO JARACATI
Por Haroldo Saboia

O anúncio do secretariado não surpreendeu. Nada mais natural que uma governadora de proveta, fertilizada in vitro no TSE, à temperatura de zero grau, escolhesse os auxiliares que escolheu. Revelou ter aprendido com sua própria experiência: deixou o primeiro marido, Jorge, fora do governo; mantendo-o responsável por oxigenar a empresa do casal, espiando bem as gavetas da Lunus, não permitindo que valores, sobretudo em espécie, se deixem lá acumular, como por geração espontânea.

Previdente, logo na primeira cartada, designou o seu primeiro cunhado, Ricardo, para a missão de carbonizar a Saúde. A rigor, pela liderança e competência reveladas na Gerência Metropolitana, poderia tê-lo apontado capitão do time por representar, como nenhum outro, o melhor perfil da equipe. Se estiverem a faltar-lhe títulos acadêmicos (destarte como a ela própria), abundam-lhe experiência, destreza e o atrevimento típico dos provisionados. Tudo, portando, como em um carteado entre amigos: cada carta em seu lugar, cada jogador apto a ler nos olhos o pensamento do parceiro.

A notícia que causou, todavia, impacto maior não estava na mesa de jogo, nem na primeira ou nas páginas políticas do jornal ou do blogue familiar. Tampouco no seu lugar devido, a página policial. Não, o fato mais representativo do modo sarney-murad de governar estava lá, sorrateiro, na Coluna ESTADO ECONOMICO, página 13:

“VIVA CIDADÃO Ainda falando do Jaracati Shopping, no mês de junho será inaugurada no local uma unidade do Viva Cidadão, que ocupará uma área de 350 m², e prestará diversos serviços à população, como emissão de carteiras de identidade e de trabalho, atendimento bancário, do INSS, DETRAN, CAEMA, PROCON, entre outros.” (OEMA, 19/04/2009).

Em outras palavras:

· Na quinta, 16, o TSE promove o “golpe de estado pela via judiciária” e determina o afastamento do governador legitimamente eleito, Dr. Jackson Lago;
· Na sexta, 17, desconfortável, a Assembléia dá posse à governadora e ao vice, derrotados em 2006;
· No sábado, antes mesmo de escolher seus notáveis e conhecidíssimos secretários, a governadora de proveta - pelo que a seqüência sugere - já decide promover a MUTRETA DO JARACATI;
· Como posso comprovar? Com a nota reproduzida acima, publicada no domingo pelo jornal da família Sarney.

Sem dúvida, as instalações do Shopping do Cidadão, na Praia Grande, em frente ao Terminal de Integração, já não comportam o grande fluxo de homens e mulheres que dia após dia buscam tão importantes serviços. O que fazer, então? Ampliar o atendimento, promover sua descentralização, pela construção de novos pontos ou unidades de atendimento. A descentralização dos serviços públicos, levando-os mais próximo do local de moradia, é uma questão de respeito à população. E São Luis, sabemos, não é somente o seu Centro Histórico.

Por que não construir (e o mais breve) dois, três ou quatro novos centros de prestação de serviços à cidadania. Onde? Por exemplo, na COHAB, na Cidade Operária, na área do Itaqui – Bacanga, no circuito Maracanã – Estiva?

Se não for possível construir, de pronto, dois ou três, comecemos por construir o primeiro. Desde que na vizinhança de um Terminal de Integração já em funcionamento: como o da COHAB ou o da Cidade Operária. O que não pode ser feito, em hipótese alguma, é situá-lo no Shopping Jaracati - cujas instalações não foram construídas com tal objetivo. E, o que é mais grave, a menos de dois quilômetros da do Shopping da Praia Grande, no Centro da Cidade.

Pelo visto, a governadora de proveta Roseana Sarney Murad não quer facilitar a vida da população. Desconhece os ensinamentos do Milton Nascimento de que “o artista tem que ir é onde o povo está”, e os serviços públicos ao local de moradia da população.

A descentralização dos serviços públicos promove, simultaneamente, a desconcentração urbana, pois favorece a criação de novos pólos de prestação de serviços. O centro da cidade passa a ser progressivamente menos solicitado no momento em que cada bairro possa disponibilizar o produto ou o serviço que a população necessita.

Nesse contexto, é inconcebível fazer instalar em um local sem grande densidade populacional, sem maior fluxo de pessoas, sem uma ampla e diversificada malha de transporte público, uma unidade de atendimento tipo o Viva Praia Grande. Qual seria então a causa determinante da escolha por Roseana do Shopping Jaracati com todos os transtornos que inevitavelmente serão causados à população?

É inacreditável! Fiquei estarrecido quando percebi a MUTRETA DO JARACATI.

A primeira coisa que pensei foi em um Conto Infantil cujo enredo se desenvolvesse em torno de um aniversário de uma menina mimada. Entoado o Parabéns a Você, cortado o bolo, todos reclamam:

“- E pra quem vai o primeiro pedaço? - Pra Sarney, meu pai, e Jorginho, meu marido...!”
E o Vivaaaaaa!... foi geral. O conto de fada virou uma novela de horror.

E o primeiro ato da Roseana Sarney Murad, antes mesmo de dar posse a seu secretariado, foi determinar – pasmem - que fosse celebrado pelo Estado contrato de locação com José Sarney, seu pai, e Jorge Murad, seu marido, co-proprietários, e doravante felizes locadores de 350 metros quadrados do Shopping Jaracati.

Antes, há cerca de um ano, o velho Sarney praticamente impôs, com sua força política, a transferência da agência da CEF (sem que seus clientes tivessem o direito de dar qualquer opinião) do térreo do Shopping São Luis para esse seu ponto comercial.

Qual o valor do aluguel? Será maior ou menor que o contratado pela Caixa Econômica Federal? Pouco importa. O valor do aluguel, na realidade, conta pouco. O que vale, em negócios dessa natureza é levar para um novo Centro Comercial as chamadas âncoras, estabelecimentos que por sua posição no mercado atraem um público cada vez maior: supermercados, casas lotéricas, agências bancárias, agências da Empresa de Correios já são considerados excelentes.

O que dizer de um Viva Cidadão com todos os serviços que oferece? Que grande mutreta da governadora de proveta! São coisas dos sarney-murads...

Enquanto isso, um menino-quase-adolescente, no sinal em frente, cheira cola e entoa a cantiga que Cesar Teixeira nos ensinou:

“Tiro da lata de lixo o meu título de cidadão./Meu dedo pelo sapato furado espia a Nação...
... Morro e não peço socorro,/ debaixo da ponte é meu lar, doce lar.//...
.. ./O quê que há? O lixo é nosso,/Pega a lata e come! O lixo é nosso!”

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sarney, o colunista fantasma.

12:29 |

Vejam o que disse o OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA (Alberto Dines) sobre o
Sarney e a relação promíscua que a Folha de São Paulo mantém com ele :





Imprensa em Questão

SENADOR COLUNISTA
A Folha sempre tropeça em Sarney. Um dia cai

Por Alberto Dines em 21/4/2009

Quando colunista da Folha de S.Paulo candidata-se ou assume um cargo
público com visibilidade nacional é obrigado a deixar a coluna. Já
aconteceu uma dúzia de vezes com figuras expressivas da vida nacional
e, mesmo que os respectivos fãs-clubes esperneiem, aumenta o respeito
do leitor fiel, atento aos procedimentos deontológicos do seu jornal.

A exceção à salutar prática tem sido José Sarney. O ex-presidente da
República, senador amapo-maranhense, agora presidente do Senado e,
portanto, chefe do Legislativo, resiste a qualquer norma moralizadora.
Está no seu DNA, é o seu encanto.

A direção da Folha parte do pressuposto que não tem contas a prestar.
Teoricamente, teria apenas aos acionistas. Como se verificou nas
últimas semanas, e em diversos episódios, este tipo birra (vá lá) ou
prepotência não fez bem à saúde de um jornal. Os leitores perceberam
os vacilos, o próprio jornal os registrou.

Quando se trata de um grande jornal – caso da Folha – o bonapartismo
só o apequena. E quando este bonapartismo junta-se a ilícitos e
irregularidades, o jornal torna-se cúmplice.

Caso perdido

Sarney está em todas, é um caso perdido, não consegue conviver com a
retidão. Sua eleição pelo estado do Amapá foi irregular, seu império
jornalístico é irregular, suas ligações com o Banco Santos eram
irregulares, o indecente curral eleitoral que instalou no Maranhão é
irregular e sua filha retornou ao governo do Maranhão no tapetão,
tremenda irregularidade. Ela perdeu a eleição e se o ganhador foi
condenado por crime eleitoral, que se faça nova eleição.

Isto foi dito de forma contundente pelo editor de "Brasil" – a
editoria política da Folha – Fernando de Barros Silva, na nobilíssima
página 2 de segunda-feira (20/4).

É verdade que Sarney, bom malandro, não tem usado a coluna que assina
(e raramente escreve) para defender de forma ostensiva os seus
interesses. Usa-a como disfarce para um pretenso bom-mocismo. Mas a
sua presença no jornal coloca automaticamente sob suspeição qualquer
notícia ou comentário a seu respeito. Mesmo desfavorável – e não
poderia ser diferente -, o leitor sempre encontrará motivos para
imaginar que o texto foi atenuado ou minimizado para atender ao amigo
"da Casa".

O processo de desmoralização do Congresso materializou-se a partir de
3 de fevereiro, dia seguinte à eleição da dupla Sarney-Temer para
presidir as duas Câmaras. E só tende a crescer porque desta vez, ao
contrário dos escândalos anteriores, tem sido formidável a
contribuição da esmagadora maioria dos 594 parlamentares.

A cada dia, um escândalo; a cada escândalo, a lembrança de que a
figura central do esquema é colunista da Folha.

No dia em que Sarney for acertado pelos doidos bumerangues que zunem
nos corredores brasilienses, vai sobrar para a Folha.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Alô Alô Maranhenses..

12:38 |

Atenção !!!!

Leiam o artigo da Mirian Leitão publicado no Jornal O Estado do Maranhão na p.6 de hoje.

Ela faz crÍticas muito contudentes a decisão do TSE e condena o STF quando enfatiza que
a atitude destas duas instâncias "podem criar a grotesca situação de ter oito derrotados assumindo
os cargos para os quais não foram eleitos. A interpretação da justça eleitoral é a subeversão do
princípio da linha sucessória, e um golpe na vontade do eleitor".
Para ela a posse da governadora Roseana é uma "decisão espantosa. O entendimento torto está virando
jurisprudência, porque houve anteriormente o caso da Paraíba".

Isso publicado no Jornal dos Sarney. Acho que eles deixaram escapar!!!


Por Mary Ferreira

PT proíbe a entrada de filiados no governo de Roseana Sarney

12:37 |

A Executiva do Partido dos Trabalhadores do Maranhão, reunida na noite de segunda-feira passada, decidiu por unanimidade suspender a filiação de José Antonio Heluy e desautorizar a participação de qualquer petista no governo de Roseana Sarney. A Executiva do PT/MA decidiu ainda abrir processo contra José Antonio, filho da deputada estadual Helena Heluy, na Comissão de Ética do Partido.
José Antonio Heluy foi nomeado pela governadora Roseana Sarney para ocupar o cargo de secretário de Trabalho e Economia Solidária. Por essa razão, votaram pela suspensão da filiação dele os dirigentes estaduais do partido: Domingos Dutra (presidente), Terezinha Fernandes (vice-presidente), Marcio Jardim (secretário geral), Ricardo Ferro (tesoureiro), Silvia Pessoa (secretaria de organização), Franklin Douglas (secretario de assuntos institucionais), Silvio Bembem (secretário de comunicação), Silvana Brito (secretaria de formação) e Reinaldo Silva (vogal).
Apoiaram a resolução Nonato Júnior "Chocolate" (secretário de combate ao racismo) e Meire Ferreira (secretária de mulheres). Eis abaixo a integra da resolução do PT/MA: "O Partido dos Trabalhadores no Maranhão sempre se posicionou em conjunto com os movimentos sociais, urbanos e rurais, pela democratização do Estado, avanço da participação da classe trabalhadora na política e pela defesa do povo maranhense da prática política coronelista, mandonista e oligarca sintetizada no clã Sarney.
O PT sempre colocou suas instâncias partidárias acima dos projetos pessoais ou específicos. É assim desde sua fundação a exemplo da expulsão de parlamentares que desobedeceram a orientação partidária quanto ao Colégio Eleitoral de 1985, o afastamento de filiados do PT por participar de governos sem a autorização do partido e, mais recentemente, a expulsão de filiados por descumprimento das resoluções aprovadas pelo Diretório Nacional do PT.
A esta opção ideológica, política e histórica o PT do Maranhão deu conseqüência em sua participação nos diversos momentos eleitorais dos quais participou: de 1982 a 2008, sempre combateu a oligarquia Sarney. Em toda a sua história, a instância estadual jamais aprovou qualquer deliberação por aproximar-se ou muito menos coligar-se com o grupo Sarney. Pelo contrário, no momento mais plebiscitário - o segundo turno das eleições de 2006, entre Roseana Sarney e Jackson Lago - o PT do Maranhão aprovou por unanimidade, em reunião de Diretório Estadual, o apoio à Frente de Libertação - Jackson governador. A participação no governo Jackson Lago foi deliberada na instância partidária por consenso.
Não há, portanto, mudança - em qualquer momento - de posição nas instâncias partidárias acerca do entendimento que o partido tem da política da oligarquia Sarney. Diante do exposto e considerando que não há deliberação da instância partidária em aproximar-se ou fazer aliança ou participar do governo de Roseana Sarney;
Considerando que há farto exemplo histórico na vida interna do PT da predominância das deliberações da instância partidária sobre os projetos e posições pessoais, reiteradas deliberações das instâncias nacional e estadual;
A Executiva Estadual do PT do Maranhão acolhe a representação dos filiados Carlito Reis, Hildonjackson Dias e Socorro Guterres (membros da Executiva Municipal do PT em São Luís) sobre o caso da participação do filiado José Antonio Heluy, membro da Executiva Estadual do Partido, e delibera, por unanimidade de seus membros presentes, nos termos do Estatuto do Partido dos Trabalhadores:
1 - Desautorizar a participação de qualquer filiado do PT no governo Roseana Sarney;
2 - Suspender imediatamente o filiado José Antonio Heluy de suas funções partidárias;
3 - Constituir Comissão de Ética para o filiado José Antônio Heluy a fim de instruir processo disciplinar ao referido filiado, garantindo-lhe ampla defesa e contraditório.

São Luís (MA), 20 de abril de 2009.
Comissão Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores do Maranhão

Roseana JULGADA ? SERÁ ?

12:22 |

Deu no Blog do Luis Cardoso : www.luiscardoso.com.br

O ministro do TSE, Eros Grau, começa a analisar o parecer da Procuradoria Geral Eleitoral que pediu o desprovimento de recurso pela cassação do mandato da governadora Roseana Sarney. O julgamento deve ser levado ao plenário do TSE no início de maio.
Grau foi escolhido relator do Agravo de Instrumento 10.625 em que Roseana é acusada de abuso de poder econômico e de ter bancado, em 2006, as despesas dos candidatos proporcionais do PSL e PTC.
No parecer do PGE, o vice-procurador eleitoral afirma que inexistem provas suficientes para condenar Roseana Sarney.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Blefes e mais Blefes do lado de lá..

19:30 |


A posse de Roseana Sarney, fruto da cassação do mandato de Jackson Lago via um golpe judiciário, transformou-se de uma "vitória" em uma DERROTA...

As bases da oligarquia prometeram trazer 100 ônibus para a capital maranhense: não houve ônibus nessa quantidade. Um blefe.

O grupo oligárquico esparava mais de 5 mil pessoas para a posse na Assembléia Legislativa: o povo não apareceu, dos que estavam lá, boa parte vinda dos grupos de bumba-meu-boi. Dois blefes.

A família queria transformar a solenidade de posse numa festa popular: não houve festa popular. Três blefes.

Os correligionáios espalharam que haveria uma grande carreata "a guerreira está voltando" pela cidades: não aconteceu. Quatro blefes.

Os marqueteiros planejavam colocar vários outdoors criando um clima de felecidade pela volta de Roseana, "Bem-vinda Roseana". Os out doors foram rejeitados. Quinto blefe e um factóide.

E por ai vai a ilegitimidade de Roseana. Ganhou no golpe via judiciário, na "legalidade", mas não tem o consentimento do povo em voltar ao governo. Não tem legitimidade.


Roseana assumiu o governo sem Palácio e sem povo...









por Fraclin Douglas.

domingo, 19 de abril de 2009

Os Defuntos Deixam as Covas

00:24 |


Os Defuntos Deixam as Covas
Sábado, 18 de Abril de 2009
por José Reinaldo

Dava para se sentir num Coliseu redivivo. Antigos gladiadores do grupo Sarney, aparentemente mortos para a posteridade, ressurgiram nos corredores da Assembléia Legislativa, alguns envergando ternos novos e gravatas francesas, outros cheirando a naftalina e perfume de quinta, mas todos dando a impressão de que uma corte de defuntos acabava de deixar as covas.

Gente que o Maranhão não via há muito tempo e da qual não tinha boas recordações transitava com caras de múmias, todas querendo um abraço, todas querendo um afago, todos exigindo um mimo de Roseana Sarney, Sarney Filho e Ricardo Murad.

Dava para perceber as olheiras de quem dormiu durante muito tempo naqueles seres necrológicos que disputavam a proximidade da rainha, cada um com mais sede de sangue e poder.

Nem parecia verdade! O fantasma de Paulo Marinho circulava sorridente, sempre processado, nunca igualado, trocando opiniões sobre administrações transparentes e corretas. Gastão Vieira assumiu um ar professoral na sua humilde intenção de ser secretário de Educação e construir três escolas, se o dinheiro der. A pedetista Bia Aroso comandava uma claque de inocentes expondo faixas que ora falavam de uma guerreira, ora falavam de uma boeira do Maranhão.

Gente que já foi secretário, que já tentou ser secretário, que escapou do primeiro escalão para o segundo e do segundo para o terceiro, gente suando aos borbotões procurando qualquer escalão para se encostar. Carecas brilhantes e escovadas aceitando o sol e defuntos que até ontem faziam parte do Cemitério do Gavião se mudando para o Cemitério dos Vinhais.

Em meio a esse espetáculo de adesões profanas, todo mundo ficou reticente ao contemplar as figuras de Mauro Fecury, de Bengala, e Epitácio Cafeteira, em cadeira de rodas. Ambos, talvez, empurrados pela esperança de que ainda é possível correr atrás.

Esse desfile macabro de gente que já morreu, gente que está morrendo e gente que não quer morrer de jeito nenhum deixava a impressão de que o novo governo haverá de construir seu próprio mausoléu.

Havia de tudo. Cantores e cantadores que não cantavam mais, gente que já matou e gente que quase já foi morta, além de uma impressionante multidão de defuntos conectados aos celulares, querendo falar com o além e comunicar a posse da rainha, fotografar a rainha, filmar a rainha-mãe. A rainha, aliás, assim que empossada, abriu os braços e jogou beijos para suas vítimas, aumentando o cheiro de morte que exalava naqueles imensos salões.

E ela agradeceu a um Deus que nunca a abandonou e, principalmente, a “uma justiça que dignifica a democracia”, uma frase de fazer gelar os ossos, de fazer matar o que resta de consciência neste país. Ela leu Lula, o irremovível Lula, a dizer que, agora, investirá no Maranhão. Se não dá para matar um maranhense, aceite pelo menos a possibilidade de um ataque cardíaco, senhor Lula Lá.

Quantas sepulturas políticas foram violadas até que esse momento chegasse! Quantas ressurreições inoportunas e ameaçadoras puderam ser observadas no desenrolar daquele espetáculo! O inevitável cheiro de cinzas de tantos defuntos cremados sugeria que o povo maranhense foi usado como adubo político de uma conspiração jamais vista no país.

Se tivéssemos acesso às fichas de todos aqueles cadáveres, para saber o que fizeram em vida, quando a vida lhes foi dada por José Sarney, estaríamos correndo daqui. O que se viu foi o Dia dos Fiéis Defuntos ser comemorado numa sexta-feira aziaga que sobrará para sempre na memória do Estado. E Deus nos ajude! Aquele espetáculo mórbido deixa evidente que os defuntos deixaram a cova para acabar de enterrar o Maranhão.


Charge do Acorda Alice, por Marcio Santos.

Sinopse de um dia em que a glória chama-se resistência

00:13 |

Jackson sai pela porta da frente e a luta continua

Por Flankli Douglas

"Mudamos de local, mas a resistência continua. A luta continuará nos partidos, nos movimentos sociais, nos parlamentos, no STF", anunciou Jackson Lago a desocupação dos Palácio dos Leões, na plenária geral do Movimento Balaiada pela Democracia. Antes de Jackson, os movimentos sociais posicionaram-se sobre a resistência popular ao golpe da oligarquia Sarney, dentre eles:

Vale Protestar/Movimento de jovens Xô, Rosegana - "A resistência não começou no governo Jackson. Ela vem antes, continuou no governo Jackson e persistirá depois. É a resistência a uma oligarquia que durante 40 anos só empobreceu o Maranhão e enriqueceu o próprio bolso" (Emilio Azevedo)

MST - "A resistência continuará nas lutas sociais, nas ruas. Ela começou na primera Balaiada, quase dois séculos atrás, e não terminará hoje. Resistir e lutar por um Maranhão livre, igualitário, popular, com terra, trabalho e pão para todos e para todas foi a luta de Negro Cosme, de Maria Aragão, de Willian Moreira Lima. Tem sido a motivação de Neiva Moreira, Freitas Diniz, Manoel da Conceição, Wagner Baldez. Será a motivação de todos nós. Continue contando com os sem-terras governador legítimo do povo maranhense, Jackson Lago" (Jonas Borges)

Movimento de Moradia - "Essa velha oligarquia deu um golpe via o judiciário, mas jamais golpeará nossa esperança, resistência e capacidade de sonhar e lutar pela liberdade do Maranhão" (Carlito Reis)

Conselhos de Políticas Públicas - "Nossa luta continua. Estamos aqui exercendo nossa cidadania, Nossa participação. Isso o seu governo potencializou, o espaço do conselhos e da participação do população, das organização. Na segurança cidadã, então, é inédito abrir a segurança pública ao controle social. Por isso continuaremos a resistência. Os conselhos serão nossa trincheira." (Padre Vitor Asselin - fundador da CPT, do Conselho de Segurança Cidadã e falando em nome dos diversos conselhos estaduais de políticas públicas)

Bancada Estadual na Assembléia Legislativa - "A região tocantina está de luto. Lá, pesquisa feita aponta 95% contrários a este golpe. Mas aguardaremos 2010 para dar o troco. Não estamos derrotados, apenas deram um freio nos avanços que o Jackson truxe. Mas vamos resistir, vamos gritar para o Brasil e o mundo ouvir, vamos até dize ao Presidente Lula que o Maranhão não quer essa velha oligarquia e não nada deterá em continuar a luta de 40 anos para novamente derrotá-la nas urnas. Jackson você continua sendo legitimamente o governador do coração dos maranhenses de bem deste estado!" (Deputado Estadual Valdinar Barros - PT)[Diversos deputados estaduais acompanharam a plenária, dentre eles Edivaldo Holanda (PTC), Chico Leitoa (PDT), Afonso Manoel (PSB), Eliziane Gama (PPS), Valdinar Barros (PT), Mauro Jorge (PMN)]

Bancada federal - "Essa cidadã filha do anti-Cristo não seria governadora se nossos aliados na Assembleia Legislativa tivessem reivindicado o direito de eleger o novo governador, depois da decisão da Justiça Eleitoral. Vamos desocupar o Palácio e entregar as chaves ao presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, para mostrar nosso respeito à decisão do TSE, mas ainda há outros recursos no STF. o próprio TSE não é possível que não será julgada a ação que pede a cassação de Roseana, ré confessa de prática de crime eleitoral. É ilegítimo o mandato de Roseana Sarney, pedido ao pai - presidente do Senado, José Sarney, para pressionar os tribunais superiores e entregue pela tia, Nelma Sarney, presidente do TRE. Vamos continuar resistindo, na justiça, nas ruas, nas urnas em 2010. Lá vamos dar o troco nessa oligarquia" (Deputado federal Domingos Dutra - presidente estadual do PT)[também estiveram na plenária os deputados federais Julião Amin (presidente do PDT), Roberto Rocha (presidente do PSDB) e Ribamar Alves (PSB)

Oração Latina com César Teixeira

Aos gritos de "Xô Satanás, Sarney nunca mais", "Jackson guerreiro, do povo brasileiro", mais de 1.000 militantes dos diversos movimentos sociais cantaram o hino dos movimentos sociais maranhenses -Oração Latina - interpretado pelo seu próprio autor, o cantor César Teixeira.


Jackson e o seu governo
Após César Teixeira, Jackson Lago agradeceu ao prefeitos presentes, vereadores, deputados, movimentos sociais e anunciou a saída do Palácio dos Leões: "Mudamos de local, mas a resistência continua. Inclusive na justiça, onde ainda temos outros processos em análise".Jackson enumerou as promessas que cumpriu à frente do governo estadual:"Nunca a região tocantinha foi tão assistida. Construímos a ponte da liberdade, ligando Imperatriz ao estado de Tocantins.

O dinheiro público foi utilizado para as políticas públicas, por isso foi possível recuperar nossas principais estradas. Prometemos 04 socorrões, fizemos um em Presidente Dutra junto com a prefeitura de lá, e ainda deixamos dois pagos: um em Imperatriz e outro Pinheiro. Tudo isso em dois anos, o que mostra que poderíamos fazer mais que o prometido. As 164 escolas que entregamos, quando em 08 anos ela só fez 03, mostra que faríamos muito mais pela Maranhão não tivesse esse sede de poder da oligarquia nos atrapalhado".

Jackson e a política
Ele também avaliou politicamente a situação:"Este golpe nos indica algumas lições. Lições, por exemplo, de que mais do que nunca devemos nos unir aos movimentos sociais, unir os partidos democráticas, nos unir em defesa das lutas democráticas. É um freio para que façamos algumas reflexões e corrijamos alguns erros para mantermos a luta de Maria Aragão, Willian Moreira Lima, Manoel da Conceição e tantos de nossos lutadores contra esta velha oligarquia. Mudamos de local, mas manteremos a resistência!"Jackson entregou a sede do governo ao presidente do Tribunal de Justiça, demonstrando que o prédio encontra-se em perfeita integridade física. Em seguida, em passeata, os movimentos sociais conduziram Jackson Lago à sede do PDT. "Retomamos esta nossa trincheira, para continuar a luta democrática pela liberdade do Maranhão", discursou Jackson.

A simbologia da queima do Judas

"Xô, Satanás. Sarney nunca mais!"Um boneco do senador amapo-maranhense José Sarney foi queimado em frente ao Palácio dos Leões. O boneco foi a principal figura de satisfação do poder do velho oligarca utilizado nas carreatas, passeatas e manifestações contra a oligarquia.