quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sarney, o colunista fantasma.

12:29 |

Vejam o que disse o OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA (Alberto Dines) sobre o
Sarney e a relação promíscua que a Folha de São Paulo mantém com ele :





Imprensa em Questão

SENADOR COLUNISTA
A Folha sempre tropeça em Sarney. Um dia cai

Por Alberto Dines em 21/4/2009

Quando colunista da Folha de S.Paulo candidata-se ou assume um cargo
público com visibilidade nacional é obrigado a deixar a coluna. Já
aconteceu uma dúzia de vezes com figuras expressivas da vida nacional
e, mesmo que os respectivos fãs-clubes esperneiem, aumenta o respeito
do leitor fiel, atento aos procedimentos deontológicos do seu jornal.

A exceção à salutar prática tem sido José Sarney. O ex-presidente da
República, senador amapo-maranhense, agora presidente do Senado e,
portanto, chefe do Legislativo, resiste a qualquer norma moralizadora.
Está no seu DNA, é o seu encanto.

A direção da Folha parte do pressuposto que não tem contas a prestar.
Teoricamente, teria apenas aos acionistas. Como se verificou nas
últimas semanas, e em diversos episódios, este tipo birra (vá lá) ou
prepotência não fez bem à saúde de um jornal. Os leitores perceberam
os vacilos, o próprio jornal os registrou.

Quando se trata de um grande jornal – caso da Folha – o bonapartismo
só o apequena. E quando este bonapartismo junta-se a ilícitos e
irregularidades, o jornal torna-se cúmplice.

Caso perdido

Sarney está em todas, é um caso perdido, não consegue conviver com a
retidão. Sua eleição pelo estado do Amapá foi irregular, seu império
jornalístico é irregular, suas ligações com o Banco Santos eram
irregulares, o indecente curral eleitoral que instalou no Maranhão é
irregular e sua filha retornou ao governo do Maranhão no tapetão,
tremenda irregularidade. Ela perdeu a eleição e se o ganhador foi
condenado por crime eleitoral, que se faça nova eleição.

Isto foi dito de forma contundente pelo editor de "Brasil" – a
editoria política da Folha – Fernando de Barros Silva, na nobilíssima
página 2 de segunda-feira (20/4).

É verdade que Sarney, bom malandro, não tem usado a coluna que assina
(e raramente escreve) para defender de forma ostensiva os seus
interesses. Usa-a como disfarce para um pretenso bom-mocismo. Mas a
sua presença no jornal coloca automaticamente sob suspeição qualquer
notícia ou comentário a seu respeito. Mesmo desfavorável – e não
poderia ser diferente -, o leitor sempre encontrará motivos para
imaginar que o texto foi atenuado ou minimizado para atender ao amigo
"da Casa".

O processo de desmoralização do Congresso materializou-se a partir de
3 de fevereiro, dia seguinte à eleição da dupla Sarney-Temer para
presidir as duas Câmaras. E só tende a crescer porque desta vez, ao
contrário dos escândalos anteriores, tem sido formidável a
contribuição da esmagadora maioria dos 594 parlamentares.

A cada dia, um escândalo; a cada escândalo, a lembrança de que a
figura central do esquema é colunista da Folha.

No dia em que Sarney for acertado pelos doidos bumerangues que zunem
nos corredores brasilienses, vai sobrar para a Folha.

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